segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

AO ETERNO É O PASSAGEIRO

A carência do agressor, a dor da vítima, a fraqueza e a traição são ausência e passagens para criação de sentido, de valor e de beleza: A coragem para ser único e reto no melhor que habita todo e qualquer ser; o princípio de toda divindade num ato solitário-solidário cintilante no meio do desatino; um lampejo de vida para os mortos; uma faísca captada pelos olhos do inferno; a fagulha que se incrustará na memória da mais profunda escuridão; as cristalinas lágrimas e seu puro sal interiorizados pois a luta não para e a visão límpida e doce é indispensável ao florescimento no caos.

Levanta-me diariamente ao menos uma ínfima e instantânea centelha de amor por conta da qual os Deuses redimirão um mortal na sentença incandescente: vá, tome do nosso justo poder de construir perspectivas em constelações pois a Eternidade te domou e tomou.

E se o poeta é um fingidor e essa poesia não for verdade? Então, minha derrota não machucará ninguém, e o desejo de cura terá sido o único desvio, e a fantasia terá sido originalmente bela apesar de não ter admiradores, pais, mães, irmãos, amigos ou apenas expectadores, e no rumo do escurecer da virtual velhice, a verdadeira morte será um descanso nessa peleja por ilusão, e aceitar o fim será mais fácil porque uma vida de miragens acalmou um quimérico coração, e esse sonho terá mais calor que qualquer variação no Universo e criações perfeitas e reais dos Deuses...


Nenhum comentário:

Postar um comentário