segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ABRO MÃO

A verdade do jornal, do carnaval, do papel, do futebol, dos modelos, das modelos, da cidade, do inferno, do terno, do muito, do mestre, da lei escrita, eu abandono, abro mão. Universo, meu pai, desperte-me pelo coração, meu desejo mais puro é Eternidades! 

Platão diz algo que não precisamos ler, basta apenas olharmos para o fundo de nosso próprio ser  para sabermos: "Se não encontras a alegria nesta terra, procura-a, irmão, para além das estrelas." 

Assim, tenho viajado para outros mundos dentro ou fora deste. E minhas andanças por esses lugares fantásticos estão sugeridas na arte espalhada por aqueles que também percorreram trilhas indescritíveis.

Ludwig von Beethoven, quando trabalhava em sua Nona Sinfonia, escreveu:

“Quando, pleno de admiração, olho para o céu e o exército de luzes chamadas de sóis ou planetas move-se eternamente no interior de suas fronteiras, meu espírito se dirige para essas estrelas a milhares de quilômetros distantes, para a fonte primordial de onde procedem, eternamente, novas criaturas.

Se tento, então, por meio de notas, dar forma à minha enorme agitação, ah! Fico terrivelmente decepcionado! Jamais pessoa alguma nascida nesta terra – disso estou firmemente convencido – poderá representar essas imagens celestes por meio de notas, palavras, cores ou golpes de cinzel. Sim, tudo o que toca o coração deve vir do Alto, do contrário tudo não passa de corpos sonoros sem espírito. 

O que é um corpo sem Espírito? O Espírito deve alçar-se acima da terra, elevar-se, buscar a fonte de onde procede.”

Imagem: Noite estrelada, pintura digital de Alex Ruiz.

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