domingo, 31 de janeiro de 2016

O FUNDAMENTO DA CIÊNCIA

É interessante notar a diferença entre a ciência tal como a conhecemos hoje e tal como era vista por um dos seus pioneiros. Considerado o assombro da Idade Média e um dos grandes pensadores da humanidade, Roger Bacon, foi o pioneiro do método do conhecimento obtido através da experiência. Esse monge franciscano aprendeu com os sufis da escola iluminista que há uma diferença entre a coleção de informações e o conhecimento da coisas através da experiência real. Em seu Opus Maius, em que cita a autoridade sufista, diz ele: 

‘Há dois modos de conhecimento: através do raciocínio e da experiência. O raciocínio traz conclusões e nos obriga a concedê-las, mas não provoca certeza nem elimina dúvidas, não permitindo à mente repousar na verdade, a não ser que esta seja proporcionada pela experiência.’

A doutrina sufista é conhecida no Ocidente como o método científico do processo indutivo, no qual a subsequente ciência ocidental se baseia amplamente. 

A ciência moderna, contudo, em lugar de aceitar a ideia de que a experiência era necessária em todos os ramos do pensamento humano, tomou a palavra no sentido de ‘experimento’, em que o experimentador permaneceria tanto quanto possível fora da experiência.

Do ponto de vista sufista, portanto, ao escrever essas palavras em 1268, Bacon não só lançou a ciência moderna, mas também transmitiu apenas uma porção da sabedoria em que ela poderia ter-se baseado. 

O pensamento ‘científico’ trabalhou, contínua e heroicamente, com essa tradição parcial desde aquela época. A despeito das suas raízes no trabalho dos sufis, a deterioração da tradição impediu o pesquisador científico de aproximar-se do conhecimento por meio do próprio conhecimento pela ‘experiência’ e não só pelo ‘experimento’.’’

__Idries Shah, OS SUFIS,  Editora Cultrix, 1977, p. 26-27.




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