quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O FILÓSOFO AUTODIDATA

Quatro pontos importantes nesse romance do Século XII muito me marcaram: 1) Consegue explicar através da razão a existência de Deus; 2) Demonstra a necessidade de uma alimentação vegetariana para se conseguir uma maior união com o Sagrado; 3) Da importância em se manter os três órgãos principais do corpo puros: Coração, cérebro e fígado; 4) Da grande dificuldade ao ajudarmos a humanidade, porquanto a maioria dos humanos são como animais desprovidos de razão.

Deixo aqui alguns trechos interessantes:
 
"Que saibas: aquele que quer a verdade sem véus deve procurar esses segredos por conta própria e fazer todos os esforços para obtê-los. 
(...)Há três espécies de opinião: Uma, que se professa para se conformar à opinião do vulgo; em seguida uma opinião cômoda para responder a qualquer um que interrogue e peça para ser dirigido; e por fim uma opinião que se guarda para si mesmo e que apenas se mostra a quem compartilhar a mesma convicção.  
(...) Aceita o que vês e abandona o que ouviste dizer. Quando o Sol se levanta, ele te prepara para que dispenses Saturno. 
(...) Constates por ti mesmo tudo o que constatei e que possas dispensar a sujeição do teu conhecimento ao meu."
__Ibn Tufayl, O FILÓSOFO AUTODIDATA, Editora Unesp, p. 28-44.
"A alma que emana de Deus se derrama sem cessar abundantemente sobre todos os seres. Mas há seres que não manifestam sua influência, por falta de disposição."
__Ibn Tufayl, O FILÓSOFO AUTODIDATA, Editora Unesp, p. 55.
"Todo corpo é indubitavelmente finito, consequentemente, toda força que reside num corpo é indubitavelmente finita. Se, portanto, encontrarmos uma força capaz de produzir uma ação infinita, essa força não pode residir num corpo. (...) Logo, essa força pertence a uma coisa incorpórea, à qual não pode ser atribuída nenhuma das qualidades corporais. 
(...) Concluiu daí que sua própria essência, por meio da qual o percebia, era uma coisa incorpórea.
(...) Compreendeu também que esse corpo não lhe havia sido dado em vão e que não havia sido unido a ele sem utilidade, que era obrigado a ocupar-se dele e conservá-lo."
__Ibn Tufayl, O FILÓSOFO AUTODIDATA, Editora Unesp, p. 115-138.
"Perseverou então em seus esforços para chegar à eliminação da consciência de si, à absorção na intuição pura do Ser Verdadeiro. Por fim, conseguiu chegar lá. (...) Querer que se exprima esse estado é querer o impossível.
(...)Batendo à porta da Verdade, para adquirir um conhecimento exato do que é captado nela, não existe outro meio senão alcançá-la por si mesmo.
(...) A Essência do Verdadeiro não admite nenhuma espécie de multiplicidade.
(...) Todas as essências divinas e as almas soberanas são livres de qualquer corpo e do que depende dos corpos. (...) Elas não precisam dos corpos: são os corpos que precisam delas."
 __Ibn Tufayl, O FILÓSOFO AUTODIDATA, Editora Unesp, p. 151-168. 

"E, em vez de abrir a boa porta, procuravam encontrar o verdadeiro pela via das autoridades. Hayy desanimou de corrigi-los e perdeu toda a esperança de convencê-los. Examinando sucessivamente as diferentes espécies de homens, viu que aqueles de cada categoria, contentes com o que têm, tomam sua paixões por Deus, seus desejos por objetos de culto; que se matam a recolher os ramúsculos deste mundo, absorvidos pelo interesse em acumular até a hora de visitar o túmulo. As advertências não fazem efeito sobre eles, as boas palavras não têm força, a discussão só produz neles a obstinação. Quanto à sabedoria, não lhes está aberto nenhum caminho em sua direção e não participam dela de modo algum. (...) Só captavam de sua religião o que diz respeito a este mundo.
(...) Compreendeu com uma certeza absoluta que tentar mantê-los na verdade pura era coisa inútil, que chegar a impor-lhes um padrão mais elevado de conduta era coisa irrealizável. (...) Compreendeu as diversas condições dos homens e captou que a maioria dentre eles está no patamar dos animais desprovidos de razão. 

(...) Ambos disseram-lhes adeus, deixaram-nos e esperaram pacientemente a ocasião de retornar a sua ilha. (...) E até a morte adoraram Deus nessa ilha.
 __Ibn Tufayl, O FILÓSOFO AUTODIDATA, Editora Unesp, p. 186-189.   




 

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