sábado, 29 de agosto de 2015

O HERÓI E O VILÃO INTERIOR

Gosto de ler os materialistas e suas descrições científicas, exatas, dissecadoras. Eles promovem um primeiro despertar importantíssimo. Daí você aprende o que é a matéria: as angústias humanas, sua psique fraca, suas carências, a luta diária de uma vida destruindo outra, o capitalismo selvagem, a natureza violenta e hostil. Então, você tem que reconhecer que o mundo é mesmo assim: cruel. A matéria é algo fétido, transitório, efêmero. Sistemas políticos, impérios e ideologias nascem e morrem... Por fim, se fosse somente isso, estaria eu mergulhado somente na depressão.


Entretanto, existem idealistas que estão aqui entre nós. Apontando para o Alto e para um segundo despertar. Felizmente!

Eles também sabem que a matéria está destinada a putrefação. Contudo, diagnosticar isso pela análise científica é somente o começo para um idealista, pois eles querem transformar esse estado mórbido olhando para dentro. Assim, buscam criar maneiras de roubar do tempo algo que mereça ficar para a Eternidade. 

A arte de séculos atrás que até hoje contemplamos foi realizada inegavelmente por idealistas. Pessoas que tiveram ao menos um lampejo na vida e perceberam que esse mundo nunca foi menos cruel e provavelmente nunca será, logo, somente o espírito humano pode ser transmutado de enxofre em puro ouro, de homem em divindade! Raríssimas pessoas conseguem essa autotransformação, pois lapidar a si mesmo é difícil e é mais fácil culpar o outro por nossas desgraças.

Ora, mudar o mundo só se torna verdadeiramente possível e materializável quando o espírito individual já foi transfigurado. A capacidade de mudar o externo para um estado mais elevado e definitivo é somente um reflexo da mudança que já ocorrera no interior do homem. 

Por tudo isso vemos pseudo-adultos a reclamar do mundo o dia inteiro e a dizer que estão muito insatisfeitos e que, se pudessem, fariam tudo do jeito deles. Querem mudar de país, e se pessoa tal morresse tudo melhoraria, se os politicos fossem exterminados etc. Porém, nem mesmo dos seus próprios vícios esses pseudo-heróis entorpecidos querem se curar. Chegarão à velhice amargurados...

Alguns humanos de carne e osso se tornaram lendas pois começaram como os heróis mitológicos Hércules, Jasão, Aquiles, Teseu: dominando o touro, o minotauro e a cobra que habitam nosso interior. A terra e o Universo agradecem, pois essa é a única e a maior batalha, muito mais efetiva que o nosso desejo DIÁRIO de cortar a cabeça do semelhante.

Observação: não vá ler um mito e pensar que a história está acontecendo lá fora. Não! As batalhas daqueles heróis foram todas interiores. As batalhas são somente uma alusão à tua própria luta diária com teus demônios íntimos, caro leitor! Então, meu amigo, leia um mito clássico com a seguinte ideia na cabeça: "esses monstros também habitam em mim"! Desse modo você finalmente poderá ir domesticando cada um deles ao invés de ficar se iludindo como um anjinho loiro dos olhos azuis e de auréola dourada que merece uma espada de luz para sair julgando e decepando os malfeitores.

Para mudar este mundo, COMECEMOS com gentileza e doçura na voz. Movimentos leves. Fala pausada. Não só tolerância, mas mais respeito consigo mesmo e o outro. Com delicadeza e doçura na fala e principalmente no olhar, já vamos acalmar muitos humanos perdidos à nossa volta. Assim, logo também começaremos a plasmar na terra o céu que habita o nosso interior duramente trabalhado e, por compaixão, evitaremos de imprimir no outro a nossa parte negra que, finalmente, conhecemos e domesticamos aqui dentro.

Um mito em potencial habita o nosso interior. Vamos atrás dele!




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