domingo, 24 de maio de 2015

OS MUITOS E O YÔGA*

Imaginamos que dominamos nosso corpo. Ilusão. Somos apenas marionetes nas mãos de diversas forças que nos controlam todo o tempo. E essas mãos não estão lá fora. Elas são simplesmente seus pensamentos e os órgãos de seu corpo.

Já analisou o fluxo dos seus pensamentos? A quantidade, a diferença de tom e a vibração de cada um deles? Já parou para descobrir como cada um dentre todos os seus órgãos tem uma energia própria, uma individualidade, uma intenção e um impulso diverso do outro? Reparou em como a sua respiração muda conforme os sentimentos que te tomam?

Cada pensamento e cada órgão do nosso corpo possuem uma enorme autonomia. Praticar Yôga nos mostra o quanto estamos longe de termos conhecimento das demandas da mente e dos órgãos de nosso corpo. Simplesmente nos identificamos com os pensamentos e concluímos: “Ah, eu sou esse pensamento”. Ou, pior, nos identificamos com o nosso próprio corpo: “Eu sou o meu corpo”. Assim, nos limitamos de tal modo que nos julgamos fracos, pequenos e incapazes. Imaginar que somos o corpo ou um pensamento é ignorar profundamente aquilo que habita o mais recôndito de nosso ser e é o maior mistério da existência: O Infinito, A Perfeição, A Beleza. A nossa sede inesgotável por essa trindade comprova nossa incomensurável natureza. Contudo, nesse mundo de ilusão, somos levados a acreditar que possuímos apenas uma parte de algo ou que não possuímos o essencial, assim deveríamos buscar lá fora um novo pensamento, um novo corpo, um novo meio...

Não adianta lutar contra seus pensamentos e nem com o seu corpo. A única saída é conhecê-los, observá-los e, por fim, abraçá-los com muito carinho e aceitação. Abraçar significa ter uma certa disciplina para que eles possam ser tratados e revigorados. Yôga é um desses métodos milenares e consagrados. Para seguir no caminho do Yôga, não é necessário se curvar, ao contrário, liberdade é a ideia fundamental. Postura elevada e cabeça altaneira se fazem essenciais à prática. Valorizar a solidão e o silêncio também são requisitos, pois a meta é a única coisa que pode te trazer a verdadeira realização e felicidade: o seu poder interior.

Somos muitos. Somos uma legião. Somos uma soma de diversidades. Somamos um Universo inteiro.

O Yôga é um dos caminhos para unirmos essas aparentes antinomias entre os diversos órgãos do nosso próprio corpo e entre as correntezas turbulentas de pensamentos. Resolver esse conflito interno é estar ajustado ao mundo que nos cerca aceitando-o como ele é e com alegria.

O equilíbrio interior é a maior contribuição que podemos dar ao Universo, sem necessidade do desejo de mudar o outro ou o mundo, pois assim, criamos estima e acolhimento por nós mesmos e, finalmente, por tudo. Então, nessa passividade inclusiva, transmutamo-nos na força ativa a elevar a vibração de tudo.

Yôga, um despertar de um sonho multifacetado para a realidade da Face De Um Olho Só.

Ele me olhou e eu estive refletido em seus olhos. Criou-se uma confiança que para sempre habita o meu ser.

*Ou Yoga ou Ioga. Estamos cientes da diversidade de escrita dessa palavra no Brasil e das divergências ferrenhas que giram em torno disso. Contudo, não adotamos nenhuma forma como a mais correta. Acreditamos que a diversidade de escrita deve ser respeitada e o próprio autor do texto não escolheu partido ou julgamento algum sobre a discussão. Portanto, poderá o querido leitor encontrar textos deste autor iniciante neste prática milenar com as três grafias: Yôga, Yoga e Ioga.  



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