quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O DESPERTAR PELAS PLANTAS

O DESPERTAR PELAS PLANTAS
(O Verdadeiro Poder é Feminino)


“A sociedade é sempre patriarcal.
A natureza é sempre matrilinear.”
_Joseph Campbell


Segundo os sábios antigos, a Natureza se aproxima muito mais do feminino que do masculino. Ora, se isso é verdade, é preciso indagar: Quantas mulheres nos dias de hoje gostam de plantas? Quantas delas gostam de estar alguns dias em meio às florestas e aos rios?

As plantas nos alimentam e limpam o ar. E curam!!! Elas são vida, dão vida! Por esse motivo, a Natureza na maioria das culturas é tratada como Mãe. É muito fácil constatar que o instinto materno preza pelo crescimento, preservação e saúde da prole. Nesse sacrifício, a Mãe esquece seu nome, abdica de fama e poder, elimina até mesmo a sua individualidade...


As mulheres na antiguidade eram as grandes guardiãs dos conhecimentos de cura pelas plantas medicinais, entretanto, com a ascensão da cultura e religiosidade patriarcais, infelizmente, esse tipo de conhecimento ou poder foi tratado como maligno pelos homens que dominaram a sociedade. Desse modo, apareceram as fogueiras da Santa Inquisição... bruxas, mulheres demônio, todas condenadas ao inferno pelas religiões patriarcais. Tudo que estivesse profundamente arraigado à Natureza seria ignorante ou caótico e estaria corrompido por um suposto pecado original.


Mais tarde, os índios, filhos e seguidores das leis da Natureza, seriam o alvo a ser convertido ou exterminado. A dificuldade em converter os índios está descrita em diversos documentos dos jesuítas, não poderia ser diferente, afinal, o uso das plantas medicinais por esses pagãos permitia-lhes um acesso místico de integração com a Natureza que jamais a cultura e as pregações dos jesuítas poderiam realizar.


Na atualidade, em relação ao uso das plantas medicinais, só restam os raizeiros, alguns estudiosos isolados e grupos que utilizam plantas para realizarem jornadas místicas ou espirituais, entretanto, o conhecimento destes nem se compara com o das bruxas da antiguidade e o dos índios.


Bruxas e índios faziam uso reiterado das plantas para curar não só males físicos como também doenças da mente, alma e espírito. Pode-se dizer que nessas viagens místicas através do uso das plantas medicinais eles atingiam um “segundo nascimento”. Conforme está descrito no capítulo 3 do livro bíblico de João: Em verdade te digo, se um homem não nasce de novo, não pode ver o reino dos céus. Tal descrição do segundo nascimento que se constata em diversas culturas e religiões é muito bem definida por C. G. Jung: Se não for perturbada, a regressão não se interrompe na mãe, ela vai além, para atingir, por assim dizer, “um eterno feminino” pré-natal. Nesse passo, em face da força e profundidade transfiguradora das experiências das bruxas e índios, a conversão destes pagãos pelas religiões patriarcais se tornava extremamente difícil. Logo, era mais fácil aos objetivos das religiões patriarcais, que não poupavam a conquista de adeptos até mesmo pela guerra, queimar todos aqueles que já estivessem em um nível espiritual mais profundo. Com efeito, a integração e unidade entre índios e bruxas com a mãe Natureza fez com que as religiões patriarcais condenassem inclusive a própria Natureza como algo a ser melhorado ou mesmo negado como meio de realização espiritual. Portanto, o homem seria separado e superior à Natureza. E a mulher, por representar o arquétipo da Mãe e consequentemente de cura e Natureza, seria considerada inferior ao homem. Por último, como decorrência lógica de todas essas premissas, a sociedade, por ser algo superior, seria construída de forma desvinculada da Natureza.


Não é preciso fazer uma análise profunda sobre como a construção de uma sociedade afastada da Natureza e de suas leis gerou tantas segregações, doenças e guerras.


Assim, depois de tanto combatermos a Natureza, hoje, quase todas as mulheres foram masculinizadas. Contudo, em sua essência, elas abrigam um latente poder de cura e geração de vida. Com efeito, a saúde da atual sociedade necessita do despertar nos homens e mulheres do Princípio Feminino, que, obviamente, apresenta maior facilidade de manifestação na mulher, pois esta, ao menos no aspecto físico, já o revela.


Em face da ignorância em que estamos mergulhados, somente o corpo da mulher possui referências culturais e religiosas sobre o Princípio Feminino: mulher que faz sexo e recebe uma descarga de sêmen, mulher que procria, mulher à serviço do homem.

Portanto, a questão do despertar deve ser realizada no plano mental e espiritual da mulher, se nesse sentido caminharmos, consequentemente, o corpo feminino será sacralizado e a sua sexualidade será a fonte de cura para todas as doenças e guerras.


Independente das religiões patriarcais como o cristianismo ou islamismo ou judaísmo, há de ressurgir uma nova Espiritualidade fundamentada no Feminino, que é unidade, receptividade, paz...


Logo, o Feminino Interior em cada um de nós, se desperto também pelo uso das plantas medicinais, promoverá não só a própria cura do homem ou mulher que vivificou-se mas também de todos os seres próximos, começando, por exemplo, pela própria família.


“O masculino tem nome e fama, o que é famoso é exaltado
O feminino não tem nome, o que não tem nome é oculto


O que tem nome nasce do que não tem nome
O que não tem nome é a mãe do que tem nome

O que possui nome é fraco
O que não tem nome é poderoso.”

_Lao Tzu












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